Um casarão

Foi um convite especial dele. 
No meio do nada, Rose se deparou com um casarão  - estilo moderno antigo, uma fonte na frente, desativada, cercada por um caminho para carros; o que seria o jardim, provavelmente lindo e  também enorme, agora se confundia um pouco com a mata mais densa ao redor. Havia um coreto ao fundo do jardim, bem afastado da casa. Ela observou tudo isso, os detalhes,  da varanda de um dos quartos, onde  havia deixado suas coisas: imaginou o glamour que existiu ali, provavelmente a casa de campo. No salão principal, retratos de família, pintados a óleo, móveis cobertos por lençóis; um piano de cauda, lindo, junto à escadaria de madeira.  Havia um silêncio ao redor, um silêncio de sonho e mais uma vez sentiu-se num filme – não imaginava que existisse um lugar como tal, tão próximo, nem vidas como aquelas. 


Conheceram-se num restaurante, enquanto almoçava com uma amiga. Percebeu um rapaz que as olhava e  que estava sozinho - bonito... mais que isso, o sorriso bonito - sim, sorriso para ela era o mais importante, o resto? tinha olhos azuis, era grande, alto, simpático.  Sorriram os três ao mesmo tempo, e juntaram-se à mesma mesa(...) 

Passou o dia naquela casa enorme com uma sensação de  algo inacabado, um jeito de déjà vu,  uma estranheza - Por que naquele lugar tudo a perturbava? Sentiu em Marco uma outra pessoa. O humor, o brilho no olhar, tudo diminuiu um pouco - mas  estava ali ainda o homem bonito e uma pessoa sensível.  Marco não tentou tocá-la mais do que já havia tocado e ela pronta para mais do que simples beijos... seu desejo em se divertir, desejo de ter alguém leve ao seu lado estavam ali cobrando-lhe atitude, mesmo no meio daquele tudo que era o casarão...

Sozinha com um aquele homem,  suas vontades não foram satisfeitas, na verdade,  foram-se esvaindo, esvanecendo. Poderia ter seduzido, jogado aquele jogo que toda mulher sabe, principalmente quando os hormônios estão no auge e a beleza, a juventude são táticas a favor. Saberia como fazê-lo, fez tantas vezes - chamar para o jogo sem um convite direto, uma sugestão velada - mas escapou-lhe como água entre os dedos, assim como a amizade leve que queria para si...


Tendo o telefone de trabalho de Marco, não ligou mais e não mais se viram depois daquela visita, e nada além de beijinhos aconteceu entre eles. Aliás, não se verem mais nem foi uma decisão de ambos, mas com certeza, não  foi uma decisão de Marco - ele não sabia onde encontrá-la: Diana surgia apenas, era uma aparição para ele. Para ela,  foi algo que simplesmente aconteceu, sem decidir, apagou seu telefone,  deixou para trás algo que não entendia bem e que também a deixava triste. Não se permitiu viver uma tristeza que não era dela. Certamente deixou magoado o rapaz do sorriso, o do casarão...
Muitos encontros parecidos com esse aconteceram em sua vida: as pessoas surgiram e desapareceram (ou era ela que desaparecia?!), deixando lembranças e interrogações. 
Talvez, nesse caso,  a visita àquele casarão tenha sido o melhor para os dois.


Rossana

Comentários

  1. O que é o momento certo? Parece existir um, para que cada coisa aconteça! Nem sempre estamos prontos para amar de verdade e ninguém ama pela metade: ama-se nos bons,nos maus momentos...ama-se.

    ResponderExcluir

Postar um comentário