Tenho certeza

"Ele não é o mesmo de antes."
E eu sou a mesma de antes? respondo sim. Tenho certeza.
O coração está mais calmo, mas ajo como antes, tenho certeza... digo o que sinto, quando sinto, mas a resposta por vezes, é um silêncio incômodo e loquaz. Procuro dar uma justificativa: "é porque estamos longe um do outro e nesse caso, buscar a outra pessoa com palavras dói muito". Verdade. Melhor falar do tempo, falar da primavera, falar da chuva...contar uma piada, fazer provocações picantes...rir.

Mas os homens mudam mais rapidamente no amor, todas nós sentimos, não?!? Aí procuro justificar: "os homens protegem a si mesmos, porque não gostam de sofrer". Mas quem gosta?? nós, as mulheres??
Não quero negar a mim mesma, o romantismo faz parte de mim. É coisa que a gente aprende? talvez sim, mas eu, ao longo da minha vida aprendi a digerí-lo, a criticar esse romantismo por vezes tão querido, tão cultivado. E acho que achei um pouco de equilíbrio. O romantismo, principalmente aquele exacerbado, é falso e por isso vai nos decepcionar, cedo ou tarde.

Mas o que é o romantismo afinal? de certo não é algo que termine depois de um momento de sexo, o famoso "fazer amor"...não! naquele momento não pode ter romantismo, do contrário o orgasmo não vem. Talvez por isso seja tão difícil para nós mulheres atingí-lo. Romantizamos na hora errada...

O romantismo  é aquele sonhar com alguém fazendo um carinho e esse sonho se realizar da maneira mais inesperada. Esperamos sem querer esperar, uma lógica toda romântica.
Quando Não estamos longe ele obedece uma escala gradativa que vai diminuindo, diminuindo... e vai desaparecendo ao longo da vida juntos. É um fato. Se pode inventar coisas para reanimá-lo, mas é como uma respiração artificial: não é como o primeiro beijo, ou os primeiros beijos, os primeiros encontros, nunca será. É fato.

E aí vem as compensações que a mulher romântica, aquela que sonhou em viver o romantismo pra sempre, cria e recria: "Somos muito amigos", "ele é atencioso", "um bom pai", "cuidadoso com a casa", etc, etc. Mas tudo isso no final, deixa um profundo vazio, lá no fundo... Aquele gosto de que falta sal, o gosto do "poderia ser melhor".
Por isso aprendi a pôr crítica quando me sinto romântica.
E acho sempre como saída ocupar meu corpo, a minha mente, e não culpar o outro.
Tenho certeza.

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