E aquela moça do escritório? aquela que quase teve um amigo, quase teve um caso, quase amou...
Um dia muito depois daqueles quase acontecimentos , voltavam da praia, ela e uma colega de curso - ela estava noutro caminho, havia decidido por um onde tudo acontecesse e conseguiu ter um caso, um amor. A colega morava na praia, mas um pouco distante do mar.
Caminhavam conversando, pensando alto, quando ela ouviu alguém chamar pelo seu nome. Estavam em frente a um prédio e o som vinha de cima - as duas olharam em direção ao alto. Numa janela de apartamento lá estava ele, Roberto, o ex-chefe, seu "ex-quase-caso". Junto, a esposa ( aquela, do ciúme!). Disseram-lhe que subisse. A colega seguiu o caminho e Júlia entrou no prédio. Estava tão sem jeito, tão surpresa de estar ali e meio zonza ficou ao dar de encontro com o vidro do hall de entrada - uma trombada que a fez ver que não estava sonhando, tudo seria real - encontro real e sua cabeça doía com a pancada!
Mas “a civilidade" exige um pouco de "cara-de-pau” e afinal de contas nada aconteceu de tão sério naqueles dias do escritório. "Tudo foi um quase!" - assim pensou. Respirou fundo e lá estavam eles, sorridentes e gentis à porta...
Conversaram sobre amenidades - fazia tanto tempo que não se viam... e veio o convite da esposa: "-Venha jantar conosco nesta quarta!" Coincidentemente, seria no dia do aniversário de Júlia e eles acharam ótima a ocasião. Não conseguiu recusar.
Um dia muito depois daqueles quase acontecimentos , voltavam da praia, ela e uma colega de curso - ela estava noutro caminho, havia decidido por um onde tudo acontecesse e conseguiu ter um caso, um amor. A colega morava na praia, mas um pouco distante do mar.
Caminhavam conversando, pensando alto, quando ela ouviu alguém chamar pelo seu nome. Estavam em frente a um prédio e o som vinha de cima - as duas olharam em direção ao alto. Numa janela de apartamento lá estava ele, Roberto, o ex-chefe, seu "ex-quase-caso". Junto, a esposa ( aquela, do ciúme!). Disseram-lhe que subisse. A colega seguiu o caminho e Júlia entrou no prédio. Estava tão sem jeito, tão surpresa de estar ali e meio zonza ficou ao dar de encontro com o vidro do hall de entrada - uma trombada que a fez ver que não estava sonhando, tudo seria real - encontro real e sua cabeça doía com a pancada!
Mas “a civilidade" exige um pouco de "cara-de-pau” e afinal de contas nada aconteceu de tão sério naqueles dias do escritório. "Tudo foi um quase!" - assim pensou. Respirou fundo e lá estavam eles, sorridentes e gentis à porta...
Conversaram sobre amenidades - fazia tanto tempo que não se viam... e veio o convite da esposa: "-Venha jantar conosco nesta quarta!" Coincidentemente, seria no dia do aniversário de Júlia e eles acharam ótima a ocasião. Não conseguiu recusar.
A civilizada aceitou como se o passado não tivesse existido. E de mais a mais, “passado não existe mesmo, não é? passado é passado, foi, não é mais! Ainda mais passado que quase aconteceu..." - justificou-se. E assim é. Assim era ela: coisas como relacionamentos sem machucados não lhe tiravam pedaço. Sabia conviver com as coisas que não feriam na pele literalmente. Não existe cicatriz, então... "bola pra frente". Foi a aquele encontro marcado, ao jantar.
Tudo estava transcorrendo de maneira perfeita. Comida boa, boa conversa. Ele, só sorrisos, civilizado - "passado? que passado?!..." - Ela, a esposa, simpática, cordial. Depois do jantar, todos foram a sala do home theater para assistirem alguma coisa. Júlia esperou atenta... mas desarmada, não tão à vontade como parecia, mas "estava tudo ótimo e iria continuar assim!..." O dvd foi colocado... Era um daqueles filmes servidos em motel ou em tv a cabo - erótico, um ménage à troi: as mulheres tocavam-se e um homem as assistia para depois fazer parte da festa.
Júlia olhou-os com espanto...um convite estava sendo feito...
Sua sensação era de algo assim como um desfalecimento...
Estava atônita: "o que dizer?! o que fazer?!" Constrangida? - não, não era bem a palavra! - constrangida parecia ter ficado a esposa. Júlia olhou para ele, olhou para ela, presa à cadeira.Jamais sentiu vontade ou curiosidade por uma transa assim - sem falsos pudores: era falta de interesse mesmo!
Mas o que pesou de verdade, é que todo o sentimento de carinho em relação a ele foi um pouco destruído naquele convite. Roberto sentia apenas tesão por ela, mas não só isso - seria (quase?) fixação! Depois de tanto tempo, Júlia não esperava - "quem esperaria?!"
A esposa queria agradá-lo. Talvez sempre soubesse daquele "quase tudo"!
Ela, percebendo a não- reação de Júlia , falou: - "vamos parar, Roberto!" e ele não demonstrava nenhum constrangimento no convite-surpresa, pelo contrário, continuava assistindo o filme como se houvesse um consenso geral e mostrando-se totalmente alheio ao que acontecia entre as mulheres. A esposa insistindo com ele para desligar a tv, sem graça,olhando para Júlia. Esta, tentando sair da situação. Entretanto, a esposa ainda ousou perguntar para ela se gostava daquele tipo de filme, se a excitava... A resposta de Júlia foi um "não" elegante àquela falta de sensibilidade geral, uma resposta civilizada como gostava de ser. Sorriu, apesar de tudo. A sua civilidade ajudou-lhe a contornar. Não soube como, mas agradeceu a noite e se foi rumo ao apartamento de sua colega, perto dali.
Júlia voltando, pelas escadas do prédio... as lágrimas caíam. Depois de toda a pose de civilizada, passou a noite em claro, chorando, nervosa como tivesse sido agredida. A principio sofreu pensando que teria sido aquele o seu presente de aniversário; sofreu pensando na falta de sensibilidade daquele homem: "como poderia pensar que toparia uma transa a três, quando não havia rolado nem mesmo uma transa exclusiva com ele?!" ... Depois, encarou como sendo mais uma experiência que não deixava feridas e pensando bem, tal convite, sem uso da força, não deixa de ser um elogio. Bem ou mal, ela estava sendo desejada, elogiada.
Enxugou as lágrimas, olhou-se no espelho e achou-se linda. "Bola pra frente!"
Enxugou as lágrimas, olhou-se no espelho e achou-se linda. "Bola pra frente!"
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