Num bar



Duas mulheres, um homem. Muita gente ao redor, música e os três  tentavam conversar em meio à agitação . Janete estava feliz por Gui não ter saído sozinho, num sábado à noite, afinal fazia tanto tempo que não saíam juntos! Ter seu marido e uma nova amizade naquele momento estava sendo esplêndido... Rose disfarçava,incomodada e impressionada com a presença dele; seu olhar tão envolvente, o seu interesse por ela, as perguntas: o que ela fazia? o que gostava de fazer? seus sonhos.. E tanta coisa para dizer, tanto para revelar-se... não queria fingir ser outra pessoa, e olhava para Janete... a via tão alheia... "Por que ela não percebe nada?" refletia, "Onde está a malícia feminina?! sim, ela deve ter alguma, não é possível!  Eu perceberia..."

Eles estavam em um lado da mesa e Rose do outro. Um turbilhão de coisas passando pela cabeça: Nunca esteve numa situação igual, no meio de um casamento, sendo a outra. Seus pensamentos não mais a obedeciam: “Esse homem me quer! ” A bebida começava a esquentar seu rosto de um jeito, que ela pensou em ir embora, precisava querer não vê-lo mais, sair dali, por Janete! - "Alguém me salve!" - entrara quase em desespero, pois a bebida também acentuava os olhares de Gui. Janete não a salvou:

- Vou ao toalete, disse ela. "Por que não me convida?! Não é assim que as mulheres fazem?" pensou. "Devo acompanhá-la - é assim que as mulheres fazem!". Não fez, não queria ser salva. Ficou, presa à cadeira.

Aqueles próximos minutos, sozinhos, seriam mágica e romanticamente intermináveis.  Guilherme fitou-a  e sussurrou:
- Se está sentindo o mesmo que eu, coloca sua mão sobre a minha...


"Isso não pode estar acontecendo comigo!", pensou por um segundo e por debaixo da mesa os dois se tocaram.  Rose, olhando-o em silêncio, sua sensação era de desmaio, falta de ar. A mão estava úmida, trêmula, suas pernas doíam, seu corpo doía. A cabeça girava e aquele simples toque foi uma explosão, um beijo na boca apaixonado, quente, gostoso... Sentiu o coração apressado, o sangue correndo em suas veias, o rosto ficou em brasa.Vertigem. Loucura.( Clichê? Pode ser. Lugar comum? pode ser... fugia do lugar comum e estava ali sentada nele, o lugar comum.)


Poderia  ter evitado, poderia ter negado, resistido - poderia?! Naquele lugar,o burburinho de pessoas falando ao mesmo tempo, risos, gente chegando e saindo o tempo inteiro, a luz difusa, a música vibrante, ao vivo e a bebida entorpecendo a razão -  a  atmosfera era de sonho. Ela queria o domínio de si mesma – procurou-se, tentou se recompor, estava lânguida e exausta: “Vou jogar-me em seus braços, beijá-lo, senti-lo e, pro espaço, moral... convenções!” - sentiu-se maluca...por ele.

Janete voltou e  como sempre, não percebeu nada... e Rose retornava à realidade, as convenções a domaram - tremia por dentro - estava constrangida e excitada.
Rossana

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