Uma Primeira vez

Meu encontro com Hélio foi quase que institivo: de repente juntos - a mão, o olhar, o cheiro, os sentidos acionados. Não precisava falar muito, nós nos bastávamos. Ele era assim como um brinquedo que a gente ama muito... que a gente quer dormir com ele, sonhar com ele, levar para todo  canto - um brinquedo querido da infância! Ele era Hélio, o sol: quente, ardente, explosão! O sol da praia, dos trópicos - brilhante e convidativo.

Eu e ele nos afastamos da turma, pois não conseguíamos dormir. Caminhamos pela praia deserta e quase selvagem... Minha primeira transa foi à luz das estrelas - nem lua havia... Lembro-me de deitados na areia e também de ter visto algas fosforecentes brilhando sobre as  ondas( alucinação ou sonho? uma lembrança bonita!). Ele era um surfista, cabelo parafinado, quase longo... era forte, lindo. Não havia cobranças de nada, nem mesmo o questionamento de que seria minha primeira vez. Só interessava o carinho da hora, o perfume de mar, de corpo bronzeado - cheiro de amor!


Passamos o feriado juntos, namorando no mar, com o prazer à flor da pele, cheiro de sal, água azul, límpida, morna...o calor do sol  brincando com nossos corpos jovens e bronzeados: lembro-me do corpo de Helinho prendendo o meu, pulsando colado ao meu - eu e ele ali, sozinhos, brincando como crianças grandes, rindo, sem culpa, sem medo. Se alguém já disse isso, eu repito: para nós não existia mais ninguém no mundo, ao redor, em canto algum...

A gente não rotulava o que sentia e o que seria aquele encontro ou para onde íamos com tudo aquilo - isso não importava. Não havia mesmo classificação. Eu saía do meu trabalho e ia direto pra junto dele, que morava na praia. Caminhávamos sob a luz da lua, ríamos juntos, conversávamos sem nos importar com o amanhã - que amanhã?! - éramos dois loucos apaixonados pela vida.



Um dia, ele disse que ía embora, ía para outro estado: Saí correndo do escritório e ficamos numa praça. Tantos beijos e abraços apertados, como se quiséssemos guardar para sempre o cheiro, o gosto um do outro. Doía muito em mim a separação, uma dor fina, que sinto até hoje quando penso nele.

Rossana.

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