O meu 11 de setembro

Uma explosão aconteceu dentro de Amanda.
Dias antes tudo era um misto de alegria-ansiedade-medo-alegria-prazer.... e posso passar aqui dias falando sobre sentimentos diversos... preparava-se a explosão.
Foram três meses alimentando um motor interno, aquilo que a iria impulsionar para a vida - a vida para ela era muito mais que viver um dia após o outro, era aventurar-se dentro do absolutamente desconhecido, viver tudo, até o que pudesse machucar sua frágil estrutura de mulher - frágil no sentido do afeto, da meiguice que por mais que tentasse não conseguia fortalecer-se, ser diferente, ser fria, ser morna.
Amanda era quente.E tudo podia doer...
Três meses para se jogar na maior aventura de sua vida desde quando tinha 20 anos.
Amanda estaria só, enfrentando o desconhecido.
Faria a mala, pois o desconhecido estava além do mar que ela observava de sua janela.
Preparou-se com tudo que a pudesse deixar bem sua aparência no espelho. Preparou-se fisicamente nos mínimos detalhes... teria que estar pronta para o que desse e viesse!
Tudo que iria viver era um desafio! Sim, um desafio que se imporia depois de tanto tempo vivido.
Às vezes se dava conta de que tinha vivido muito: viver muito não é viver sucessão de dias e ela sabia disso. Tanto sabia que havia vivido muitas sucessões de dias e não queria que a vida dela se restringisse a isso.
Aliás, nunca quis!
Amanda olhava pela janela do seu apartamento, tão bem cuidado e também tão descuidado, pois não havia tempo a perder, o que viria explodir em sua vida, mexendo com seus desejos, com aquela forma que se havia moldado... a forma que ela se moldou na vida.
Ela não se sentia só, mas queria a solidão de escolher. E assim, fez a mala.
Peça por peça, com uma calma que não existia.
Fizesse frio ou sol quente, estaria pronta.
Os dias se passavam e amanda alimentando aquela força através das palavras do desconhecido. O desconhecido se tornava pouco a pouco algo muito familiar, muito próximo, diário como alguém que vivesse ao seu lado, como a televisão que ligava e não conseguia mais assistir.
Pôs a mala no carro. Era chegada a hora de ir além mar - como os descobridores faziam, saiam mar a fora sem saber bem aonde iriam, nem onde iriam aportar.
Uma semana antes da explosão e já estava no aeroporto, no avião, sozinha , mas forte na decisão de que não havia mais volta...
Rossana.
Continua...

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