Não: não digas nada! Fernando Pessoa 1931


    Não: não digas nada!
    Supor o que dirá
    A tua boca velada
    É ouvi-lo já

    É ouvi-lo melhor
    Do que o dirias.
    O que és não vem à flor
    Das frases e dos dias.



    És melhor do que tu.
    Não digas nada: sê!
    Graça do corpo nu
    Que invisível se vê.


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