Ponto G e outros pontos de interrogação


Há bem pouco tempo, questões ligadas à sexualidade feminina passaram a ser discutidas no meio acadêmico e ganharam espaço na sociedade, através da mídia. Porém, como em todo assunto novo, muitos mitos surgiram.
Inicialmente a discussão estava no famoso dilema orgasmo clitoriano X orgasmo vaginal. Freud afirmou que o orgasmo clitoriano era típico de mulheres imaturas e que o vaginal caracterizava uma maturidade sexual. Isso gerou (e ainda gera) algumas aflições – a busca pelo orgasmo vaginal e/ou pela maturidade.

O clitóris é um órgão extremamente sensível e pode ser considerado como sendo um dos grandes responsáveis pelo orgasmo feminino. Seja pela sua manipulação direta, através do toque manual ou do sexo oral, por exemplo, ou mediante algumas posições sexuais que exercem uma pressão no Monte de Vênus, estimulando o clitóris indiretamente, o orgasmo poderá ser atingido.

Apesar da experiência orgásmica depender da soma de vários fatores – intensidade do desejo e da excitação sexual, a qualidade da interação do casal, a capacidade de entrega às sensações eróticas, dentre outros - não é possível classificá-lo como certo ou errado, maduro ou imaturo. O que importa é vivenciar um orgasmo gratificante, se clitoriano ou vaginal não interessa.

No início do século o orgasmo feminino era considerado como uma doença – furor uterino ou histeria.Apesar da experiência orgásmica depender da soma de vários fatores – intensidade do desejo e da excitação sexual, a qualidade da interação do casal, a capacidade de entrega às sensações eróticas, dentre outros - não é possível classificá-lo como certo ou errado, maduro ou imaturo. O que importa é vivenciar um orgasmo gratificante, se clitoriano ou vaginal não interessa.
Outro aspecto gerador de aflições diz respeito à tirania do orgasmo, imposta nos dias de hoje. No início do século o orgasmo feminino era considerado como uma doença – furor uterino ou histeria.
.Atualmente a mulher que não o tem é considerada problemática; passou a ser obrigação e, com isso, surgiu a busca frenética por ele.......A ansiedade ocupou o lugar do prazer. Como se não bastasse, surgiram o badalado ponto G e a ejaculação feminina – não basta ter orgasmo, a mulher tem que ser multiorgásmica, seus orgasmos têm que ser intensos e ainda ejacular. Isso mesmo, ejacular.
.Iniciou-se a saga em torno da localização do ponto G, a fim de estimulá-lo com o objetivo de conseguir atingir um orgasmo de maior intensidade..Ponto G, ejaculações femininas, orgasmos intensos e múltiplos, não seriam tentativas de genitalizar a experiência sexual?
A saúde sexual está na possibilidade de viver plenamente as sensações eróticas que emergem do contato (com tato) físico e emocional entre duas pessoas. A sensibilidade ao toque é extremamente variável; existem centenas de pontos erógenos que se localizam dos pés a cabeça. Em realidade, pode-se dizer que o maior órgão sexual é a pele que, quando explorada com criatividade e cuidado, pode levar qualquer um aos “céus”.

Para pensar...
......Até que ponto está utilizando-se de um modelo masculino para falar sobre a sexualidade feminina? A maioria das mulheres não consegue encontrar o ponto G, muito menos ejacular, gerando, com isso, aflições e angústias. Estaríamos ainda presos a um referencial masculino, sem se apropriar, por conseqüência, do universo feminino?

psicóloga somático - transpessoal, com especialização em Sexualidade Humana, e coordenadora do Grupo de Mulheres – "Descobrindo o Prazer".



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