Naquele eterno minuto

um simples e eterno minuto
e era na estação... um trem que chegaria em atraso só para ela...
um esquecimento, vários naquele dia... o prazer de antes lhe enchendo os pulmões de satisfação...
a cama mal feita, aquele homem doce e querido, desejado, sonhado e nutrido em imagens por meses... e tudo ali, na estação...pronta para partir... e o trem que não chegava...

A garrafa d'água comprada, o bilhete do trem, os óculos velhos..os novos perdidos pelo caminho enquanto caminhava em direção à aquela estação, ao seu destino..e apesar de tudo... feliz... absolutamente feliz...como uma menina depois de se descobrir moça.. como uma moça que se descobre mulher...

Os olhares que recebia pelo caminho que se abria para ela, lhe davam uma sensação de existência, "não era sonho!" ...um prazer imenso a penetrar pelas narinas, como o prazer que lhe penetrava ao sorver o perfume que vinha de dentro daquele homem...sua respiração...ritmada e serena ao se acordar de manhãzinha.

Olha o relógio: duas horas, não mais aquele um minuto..e mesmo assim sentia prazer! que importava um atraso naquele momento de sua vida... Olha o relógio, bebe um gole d'água, sente a brisa fria, mas agradável, tocar o seu rosto... coloca então os óculos escuros, respira... procura o sol tímido e morno daquela manhã de um outono que parecia primavera...deixa-se aquecer...prazer e só prazer..O trem chega e lentamente o movimento se desenha à sua frente em linha reta: gostoso andar na direção de um trem em movimento lento, que depois de parado se abriria também para ela...
Entra no trem, procura um lugar, senta-se e sorri... sem pressa naquele eterno minuto.
Rossana A.

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